*SAUDADES*

Hoje a saudade bateu em minha porta

 Fazer das tuas mãos remo seguro
Juntos passear, rir das tempestades
Vetar abismo viver sonhos, realidades

 Descalça na areia da praia deserta
Enamorar-te como o sol na água
Riscar do tempo o emblema frágua

 Criar apenas nosso selo segredo
De tão amante e tanto desvelo
Que do tempo recusaria degelo

 Vejo-te assim quase miragem
Apenas amor na sacola viagem
                                      sonianogueira

Na segunda-feira tem-se a sensação que tudo vai começar. Parece que o dia é outro dia, um dia novo cheio de expectativas. Vem à vontade de apagar as desilusões, enxugar as lágrimas, varrer a poeira que está acumulada nos tapetes, organizar cada pedacinho que quebraram da nossa existência, juntar os cacos e jogar no lixo, pois se emendarmos ficará as marcas em forma de rachadura.

Hoje por exemplo o sol está lá no alto enviando para todas as pessoas a mesma luz. Mesmo que em algumas cidades esteja na escuridão, pela força da rotação da terra. Os raios solares estão lá, apenas encoberto pela sombra de outro planeta.

Luz é força que apaga ilusoriamente as trevas. As trevas da ignorância que limita e reduz o pensamento a mesquinharias, desvalorização da dignidade, desrespeito ao outro, falta de fé no criador do Universo, Deus. Parece que o conhecimento em demasia apaga do homem a consciência do ser inferior que é, e, a descrença entre em seu coração.

A luz traz para os seres animais e vegetais a fotossíntese da vida. Dá para a mente a percepção na elucidação dos fatos, a claridade para o raciocínio lógico.

 Uma fresta de luz surge toda segunda-feira. Como se a semana anterior encerrasse uma curta etapa e recomeçasse a cada sete dias, como um disfarce para a caminhada penosa da vida.

Caminhada essa tão rápida, como um furacão, e na calmaria os estragos.
No inicio da vida a vemos tão distante e de repente a cortina cai e vemos que deixamos atrás muito do que deveria ser feito em nós, para nós e para os outros.

Sigamos então, a estrada é longa. A vida vulnerável. O tempo impiedoso. Só Deus Eterno.

 SoniaNogueira

Ontem passamos o dia no Y-parK, isto é, Centro Turístico Ypióca, ou melhor o Museu da Cachaça,  em Maranguape, que dista  30 km de Fortaleza-Ceará.  Este e o único grupo Brasileiro  que sobrevive a mais de um século e meio com a mesma família, que está na quinta geração.

-Chegando aqui no Ceará, em 1843, o português Dario Telles de Menezes, trazendo um pequeno alambique de cerâmica.

- Em 1846 iniciou a produção de aguardente que chamou de ypióca. Ypióca é um nome de origem Tupi Guarani que quer dizer terra roxa, fértil e apropriada para o cultivo da cana de açúcar. Fazia apenas uma produção diária de 30 garrafas e distribuía nas bodegas do povoado. - Na segunda geração em 1895 assumiu o jovem Dario Telles de 16 anos.

- Na terceira geração, em 1924, Paulo Campos Telles.

- Na quarta geração, em 1970, Eduardo Ferreira Telles que inovou a empresa com uma tecnologia de ponta, e uma produção de 2,50 milhões de litros ano exportando para vários países.

-A quinta geração conta com sete empresas e uma produção de 80 milhões de litros ano. É um dos maiores grupos empresariais do país.

 Estamos hoje aqui no Ypark, um ponto turístico da ypióca. Localizado ao pé da serra, numa vasta extensão de 600 hectares de terra. O canavial se estende a longa distância, encanto natural cativa o olhar mostrando as belezas do lugar. O verde vai até onde a vista alcança, a água formando lagoas de água límpida sem poluição, o ar envia aos pulmões a pureza do ambiente, tudo cheira natureza. O banho fica limitado por fios coloridos e proibido a circulação de trajes de banho dentro do Y-parK. Há passeio em pequenos botes movidos a motor, fios de aço suspensos de uma serra a outra, para voar no espaço,  aos que se arriscam no esporte. Sanfoneiros ao som de forró a disposição dos dançantes, restaurante, brinde de caldo de cana e mine copinho com cachaça. Passeio ao museu da cachaça, que continua na exposição para os visitantes. Foi a primeira construção humilde e rudimentar, com máquinas manuais e permanecem inalteráveis.

 A aguardente é conservada em tonéis de madeira. O maior tonel do mundo encontra-se lá com uma capacidade de 347 mil litros de ypióca.

A porta de entrada é um tonel enorme de madeira. Ao entrar recebemos um crachá com código de barras e a cada compra que fizermos ficará registrado Na saída prestamos conta. Na assinatura do livro de visitas notei a presença de vários turistas estrangeiros: Canadá, França, Portugal, São Paulo, Rio de Janeiro... e o Fortalezense freqüentador assíduo.

N.B.É recomendável apenas três doses de álcool para o organismo, o excesso é prejudicial à  saúde. Se for dirigir não beba.

SoniaNogueira

Todos os dias um sabiá se posta na antena, no telhado da minha casa e canta. Às vezes ele canta só, um canto triste, com se chamasse sua parceira para acompanhá-lo no trinar da alvorada, acordando as pessoas para apreciar as belezas da vida, a natureza respirando a ar, mesmo poluído, agradecer por mais uma noite, que se finge de quieta, e um dia disfarçado de felicidade. Outras vezes seu cantar é vibrante sua parceira responde da outra antena com uma voz de paixão, com certeza pela companhia do aconchego do ninho sobre a testemunha do luar.

 É como se eles estivessem me chamando. Acorda poetisa o dia já rompeu as trevas, respira fundo, se espreguiça longamente para soltar as articulações. Olha a claridade com outro olhar, não o de ontem, mas o de hoje, com toda a intensidade, pois ele passa rápido e amanhã já é outro dia e nunca sabemos dos seus segredos. Faz um poema para mim, para que o dia siga encoberto de paz e os sonhos permaneçam de pé, a esperança não acabe ao dobrar a esquina.

Bom dia sabiá amado
Teu canto me acordou
És meu ídolo esperado
Com teu canto de amor

Pudera eu ser alado
Voar neste espaço céu
Gritar ao mundo um fado
De amor real sem o véu

Que cobre a face triste
Do que sem teto vive
No respingo o despiste
Como tu que voa livre

Seu canto é música mil
Ao lado o outro cantar
Esta dupla faz do Brasil
Terra de música o sambar
                                 sonianogueira