Nem sempre o Amor faz Milagres
Eram dois jovens que se amavam, via-se pelo comportamento, carinho e afeição com que se dedicavam.
Mirtes era jornalista, jovem bonita de agradar a todo olhar, cabelos negros, lisos e longos. Vestia-se muito bem, sorriso farto e olhar penetrante. Mário era advogado, austero, de pouca conversa, olhar observador. Tinham poucos amigos, assim mesmo frequentavam festinhas familiares, viajavam sempre que estavam de férias. Ela ia a missa todos os domingos, o marido deixava-a na porta da igreja, voltava, e depois ia busca-la.
Mário tinha ciúmes em exagero pela mulher, repreendia e agredia com palavras, por qualquer atitude que o deixasse com ciúmes.
Mirtes estava fazendo um curso de aperfeiçoamento dentro de sua área de trabalho. O marido ia busca-la à tardinha e ele estacionava o carro na outra rua e ficava detrás de uma árvore de caule frondoso para observar se a mulher saía do curso com algum homem.
Certa tarde ela saiu do trabalho conversando com um amigo. O marido ficou observando, irritado, mas se conteve, afinal era só uma simples conversa. Ou não era? E a imaginação doentia de ciúmes, subiu à cabeça, aproximou-se do casal, a mulher apresentou o professor do curso.
A partir daí o marido disse que era melhor que ele deixasse esse curso. Ela resoluta afirmou: de jeito nenhum, tantos cursos de aperfeiçoamento houver eu farei, que você goste ou não. Acabou-se a tranquilidade na vida do casal.
Por mais que ela afirmasse que o amava de verdade e que ele deixasse essa fraqueza de ciúmes de lado, em nada resolvia.
Mário comprou um revolver e afirmou para si, na próxima vez saberia o que fazer. Mirtes saiu nesse dia lindíssima. O marido reclamou para que tanto aprontamento para ir ao trabalho. Mirtes não respondeu e saiu bela e exuberante.
O marido foi à tardinha buscar sua esposa e ela estava conversando com um homem, que não era o professor, um amigo de curso, com certeza. Mário não se controlou, tirou o revolver atirou para matar o homem, mas acertou na mulher. O tiro foi fatal e Mirtes, faleceu ali antes de chegar ao hospital.
A polícia foi acionada e chegou de imediato, prendeu o atirador que estava desesperado.
Foi preso, mas ficou apenas 15 dias. Um advogado amigo que o defendeu alegou que o marido matou por justa causa. Para lavar a sua honra. Na época as leis davam essa cobertura ao homem, quando sua esposa fosse infiel.