*ROTINA
Sou a rotina geral dos meus versos
A paquera real dos teus sonetos
A mesma vontade que em reversos
Decifra nas palavras cantos-afetos
A mesma vontade de ouvir o som
Com a mesma emoção da melodia
Na música o reflexo diário, o dom
Minutos, segundos, dia após dia.
A mesma exatidão do Céu-luar
Com a mesma identidade sem trégua
Noites tragando o negrume, o trilar.
Da voz, do verbo amar que descerra
A palavra cansada, um rio de légua
Sou rotina, és raiz, sou a terra.
Sonia Nogueira
– A Rotina
A noite vai caindo e toma a cena
Mudando a direção dos pensamentos.
Enquanto a lua chega, mansa e plena
Os olhos se tornando vãos, sangrentos.
O amor entre estas trevas me envenena
E paulatinamente traz os ventos
Dama da noite, aroma que me acena
Ensimesmado, entranho os sentimentos
E deles pulverizo esta querência
Que traz a mais suprema transparência
Da qual, mesmo que eu tente, não me esgueiro.
Sentir o teu perfume, mesmo ausente
Permite que eu resista bravamente
Domado pelo sonho... Verdadeiro.
Marcos Loures
Médico e grande sonetista - saudades eternas
Sonia Nogueira e Marcos Loures
Enviado por Sonia Nogueira em 30/01/2021