*CALO
Olho e penso no trajeto das ondas
Encantada pela força que emana
E nesse turbilhão as tristes fendas
Borbulham vivas, em hora profana.
Adormeço suave na areia fria
O vento carrega os sonhos a sós
Vejo-me voando a nave avaria
Saboreando gotículas e pós.
Boceja na penumbra a tênue lua
Qual uma seresta sem canto e nua
Rogando aos céus pelo meu disfarce
Desperto na manhã com sol na face
Quase esqueci que é vida e inalo
O tempo. Sorrio feliz, então, e calo.
Sonia Nogueira
Enviado por Sonia Nogueira em 11/06/2018