*OLHOS VENDADOS*
Saltei com olhos vendados
O mundo me pertencia
Flutuei duas vezes neste espaço
O solo não me arrebentou
Arrebatou-me com vida
Teve dó do náufrago
Sem água para amenizar a dor
Deixou-me suspensa
Como uma flor sem cor
Até acordar da letargia
E caminhar com
A mesma purificação
Que iniciou...
A sede de viver, querida amiga,
Permite em labirinto uma saída,
Deixando que esta estrada enfim prossiga,
Porém nos marca sempre pela vida.
Sobrevivi também à dura queda
Embora com fraturas, luxações.
Nem mesmo uma tristeza eterna veda
Os olhos de quem vive as ilusões
Como se fossem náufragos perdidos
Nos mares mais distantes, nos atóis.
Os sonhos tantas vezes são urdidos
Apenas como simples girassóis.
Bebendo, neste instante, num momento,
A vida como fosse um cata-vento.
SOGUEIRA
Marcos Loures
Sonia Nogueira
Enviado por Sonia Nogueira em 01/09/2007