*UM VOO SOBRE O MURO
Ufa! Que voo rápido. Mãe, cadê você? Jogaram-me numa calçada áspera dura, desconfortável, ruim mesmo. Esperei tanto um quartinho com cheirinho de recém-nascido.
Chii.. E o meu quartinho escuro? Por que me tiraram de lá? Tão quentinho e aconchegante. Não tinha um bom alimento, mas dava para ir sobrevivendo, até que cheguei a este chão frio, duro. É tanto frio! Queria muito um colo, alimento, cobertor, um cheiro de boas vindas, um abraço materno, um sorriso de contentamento pela minha chegada. Que decepção Deus!
Socoooooooooooro! Não vou sobreviver. Que sina, em Deus!
Duas mãos generosas me acolheram. Um jovem homem, e ficou tão feliz, parecia que o filho era seu, do seu sangue, carne da sua carne. Todos são assim: carne da carne, o sangue correndo nas veias, sem distinção de classe social, religião raça ou credo.
Serás meu filho amado, vou te apresentar a justiça e lutar pela adoção, meu filho querido!
Depois veio minha mãe, mulher desconhecida e já comecei a amar este casal que espero, irão me ensinar a construir minha história.
O futuro? Nunca saberei. Fico grata pela bênção do meu novo lar. Ah, ia esquecendo. Minha mãe verdadeira deixou um bilhetinho, dizendo que não podia me criar. Mas pode irresponsavelmente me fazer. Fazer o que? Abençoado os que encontram um novo lar. Tomara que sejam bons pais e me ensinem o valor da vida e me ensinem a gratidão, o amor e a fraternidade. Ensinem-me a importância de ser mãe responsável.
Sonia Nogueira
Enviado por Sonia Nogueira em 27/01/2018
Alterado em 27/01/2018