*ASSÉDIO MORTAL*
Morte caminho único irrevogável
Segue cada passo insano e farto
A uns é dado uma longa e triste espera
Outros, curtos prazos logo antecipados
Ronda lares, bares e bordéis sombrios
Ceifa a infância antes do findar do dia
Loucos dos trânsitos ou copos vazios
Espreita cada sena cumprindo a profecia
Leva o corpo ao pó de sua origem
Num espetáculo de saudade e de dores
Insensível as lamúrias, aos dissabores
Mas, aos poetas que a palavra faz sentir
Não matarão a criação dos versos teus
Gritando alto perpetuará aos olhos meus
Na fúnebre escalada, nossa vida,
Percalços e tropeços se sucedem.
Aprendizagens longas que precedem
A sensação da sina, enfim, cumprida.
Minha alma há tanto tempo envelhecida,
Implora às esperanças que não cedem
Nem mãos mais carinhosas que me enredem
Encurtam esta estrada tão comprida.
Meus versos vão cansados, sem remédio,
Apenas traduzindo imenso tédio
De quem tanto esperou e nada veio.
Não falo mais da morte com receio,
E digo minha amiga, até anseio,
Sonhando com seu riso e seu assédio...
SOGUEIRA
Marcos Loures
Sonia Nogueira
Enviado por Sonia Nogueira em 26/05/2007
Alterado em 06/09/2007