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*SUSPENSA POR UM FIO
*Suspenso por um Fio
Suspenso por um fio transparente pendendo, entre o amor e o ódio, querendo a chave de si próprio.
O pensamento estava abarrotado de quereres e pensares em explosão contínua. Queria ficar com aquele amor imaginário, real, quase irreal por conta da indiferença do outro. O destino, porém, tem suas teias de aranha, atraiu-o de forma inesperada. Nada seguro. Dúvidas e incertezas rondavam a atmosfera.
Durou menos de uma estação primaveril, sem flores, caindo cada pétala, dando início a nova florada. Rumou para outra estação com terreno adubado, estrutura promissora para até que a morte os separe.
A desilusão arrastou ódio contra amor, dois amigos conflitantes, transparentes e inseparáveis, se digladiando na mente irrequieta e confusa.
Tal qual um relâmpago, empresta claridade, solta imenso grito aquece a terra ressequida, umedece a telha protetora e volta tranquilo pela missão cumprida.
Mary saiu. Caminhava na praia, ao morrer do sol, com olhar fixo admirando a beleza do colorido vermelho pálido e amarelo alaranjado. À noite se aproximava por conta do compromisso coma a natureza. Olhou para o dia e disse:
Vai claridade das angústias e desilusões, dos dias turbulentos, do sangue no asfalto, das crianças sem nome, dos portões com grade, da liberdade dos maléficos.
Engana-se, minha amiga invisível, que aparece na minha ausência. Os gritos ecoam na calada da noite, fingido silêncio, deturpando a moralidade na penumbra da cortina. Somos irmãos gêmeos univitelinos, com o mesmo sangue correndo nas veias, permitindo as mesmas ações, com livre arbítrio. Salvem-se quem puder.
Marly andou a ermo, caiu na areia, o sono deitou no corpo e mente fatigada. Um vulto alto, belo, sorriso largo, pegou sua mão. Caminharam em silêncio, na escuridão total. Apenas as pernas obedeciam ao comando da mente.
Andaram muito tempo e o silêncio era benéfico para a situação.
Caíram num vazio. Pontos brilhantes enfeitavam o piso parecendo estrelas no firmamento.
Pegue um.
Eu pegar em algo desconhecido? Saí agora de algo estranho, inesperado, que me deixou suspensa entre o amor e o ódio. Estou num fio a ponto de cair.
Ninguém encontra fácil. Tentamos até dar certo.
Então é lutar com a sorte?
Mais ou menos. Entra nesta procura, inteligência, perspicácia, tolerância, criatividade, e sorte, por que não?
E sexo?
O maior dos corruptos, envolve, simula, encanta e foge, sem aviso prévio.
Mas uns são tão felizes, na medida certa, sem nada fazer. Outros a infelicidade gruda como tatuagem.
Se analisarmos com detalhes nossos atos, somos metade culpados.
Procure sua chave.
Ei, não vá, me ajude a procurar.
Você é a dona de suas ações. Encontre-a.
Ficou a ermo, sem luz, sem a mão que fortifica, sem rumo, sem prumo.
Sentiu alguém lamber seu rosto, abriu os olhos. Meu amigo Half! Ah! Nem você é confiável, já me mordeu três vezes. Mas dos piores é o melhor amigo.
Mary observou o dia. Mais um dia. É esta a chave, mais um dia de vida, e em cada amanhecer o maior e melhor de todos com o aprendizado inteligência, perspicácia, tolerância, criatividade, e sorte, por que não?
Texto na Antologia Fernando Pessoa, Ilha da Madeira Porugal, Adição Mágico de Oz, 2014http://magicodeozpt.blogspot.com.br/2014/05/antologia-fernando-pessoa-e-convidados.html
Sonia Nogueira
Enviado por Sonia Nogueira em 18/09/2014
Alterado em 03/10/2014
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