* ATELA
por Ricardo Mota
Se for possível, dei-me provar sua tinta.
Só se for possível.
E se for, não me poupe as bordas,
O meio, os lados...
Tinge-me da maneira que quiseres,
Deixe que eu o receba em traços, linhas, retas,
Círculos, triângulos, quadrados,
Abuse nas cores,
Se for possível.
Só se for, também pode me fazer em preto e branco.
Foque.
Desfoque.
Forme e disforme.
Me venha de maneira abstrata,
Moderna, contemporânea... .Mas venha
Se for possível.
Só se for, venha e deixe-me sentir com força os pelos que te abraçam
Minha textura, minha pele lisa.
Me banha de óleo,
Me cobre dos teus desejos e desperta em mim
Das tuas simples as mais complexas.
Me faz respirar
Expõe meus seios, boca e olhares,
E por falar neles, sim! Os olhares, deixe que eles lancem ao cérebro
As mais intrigantes incógnitas sobre o que sou.
Me faz mistério e verdade.
Me faz múltiplas interpretações e
Descobertas .
Me faz presente, passado e futuro,
Me vê urbano e rural.
Desenha em mim tuas lágrimas e teus sorrisos.
Me faz expressão de belo, do artístico.
Colore meus contornos e me mostra aos líricos, aos amantes, aos
Poetas, aos incrédulos.
Ma faz sobeja e desejada.
Me dá vida com a tua mente e criação.
Me faz inspiração.
Se for possível
Só se for, me dá isso e te dou em troca a essência do que você é.
Inegavelmente, sou o espelho da tua alma.
Tua mais sincera conjugação do saber e o sentir.
Se for possível.
Só se for
Fortaleza, 08 de maio de 2013 - Poema escrito para o cerimonial do Artista Plástico
Ricardo Mota
Ricardo Mota
Enviado por Sonia Nogueira em 09/05/2013
Alterado em 09/05/2013