*AO ABRIR A PORTA
Detrás da porta guardo meus segredos
Tão só no escuro sem ouvir tua voz
E lá do outro lado as ondas vem feroz
Arrasta meu cansaço sob degredos
Velados nas entranhas dos ferrolhos
Rangidos dos tempos que se foram
Gemem sorrateiros não declamam
Um só, um só verso nos abrolhos
O verdor dos vales que murcharam
Raízes que fincaram sem eu nexo
Fincaram sua sombra em desanexo
Apenas no fechar da porta sorrateira
O olho vai piscando lento e surdo
E mais uma vez o vento obscuro
Sonia Nogueira
MINHA ESPERA, ATRÁS DA PORTA
Marcos Loures
Minha espera, atrás da porta
na espreita, observando
cada momento, o bote
o norte perdido, meus medos e segredos
minha gula e sensibilidade.
Procuro, cidades e vales
quanto vale a espera?
Na caça da luminosidade
dos olhos da madrugada.
Nada mais quero, nem desejo
talvez teu beijo, talvez num átimo,
um último desejo, sem nexo
sem sexo, apenas abraço
cansaço e manhas, artes e manhas,
artimanhas da saudade.
Saudade do já pensado, sonhado;
nunca vivido. Sempre na espera;
da vésper estrela, cometa errático
que cometa todos os erros e acertos.
Mas que prometa todos as esperanças
para essa criança coração.
Minha nunca, sempre não...
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Sonia Nogueira e Marcos Loures
Enviado por Sonia Nogueira em 18/09/2011
Alterado em 18/09/2011