Eu Eleitora
Eu Eleitora sou eu realidade: celetista, especulativa, conclusiva, interrogo, analiso, suponho resultados. Herança de um pai justo, honesto, onde a verdade sempre prevalece e o retorno vem à altura do enviado.
Os discursos políticos são tão comprometidos com educação, saúde e outros problemas sociais e regionais que a escolha fica equivalente em peso, altura e medida.
Os projetos são grandiosos, os comícios estudados com discursos convincentes, porém com resultados desoladores. Sorrisos, simpatias, abraços e beijos, sem seleção de classes sociais, me constrangem. Após as eleições o eleitor passa para o anonimato, e a indiferença. O sorriso se recolhe de nariz empinado, emudece com olhar indiferente.
Eu eleitora engulo. Que posso eu sob o poder da cédula, sob a força dos cargos do alto poder administrativo? Nada posso, sou impotente. Apenas gritar no silêncio das letras e sufocar no anonimato das minhas aspirações para um mundo sedento de igualdade, de acordo com as potencialidades de cada grupo.
Recolho-me, guardo na gaveta habitual o título desolado. Vou assistir o desenrolar da peça teatral política: A burguesia, que não morreu, continua viva no palco. No teatro, os personagens com máscaras, representado a sena com aplausos dos escolhidos e do vazio da maioria que grita, faz greve, apanha, morre na inanição dos desejos irrealizáveis.
Espero outro biênio, outro e outros com os mesmos autores.