O Canto do Sabiá
Todos os dias um sabiá se posta na antena, no telhado da minha casa e canta. Às vezes ele canta só, um canto triste, com se chamasse sua parceira para acompanhá-lo no trinar da alvorada, acordando as pessoas para apreciar as belezas da vida, a natureza respirando a ar, mesmo poluído, agradecer por mais uma noite, que se finge de quieta, e um dia disfarçado de felicidade. Outras vezes seu cantar é vibrante sua parceira responde da outra antena com uma voz de paixão, com certeza pela companhia do aconchego do ninho sobre a testemunha do luar.
É como se eles estivessem me chamando. Acorda poetisa o dia já rompeu as trevas, respira fundo, se espreguiça longamente para soltar as articulações. Olha a claridade com outro olhar, não o de ontem, mas o de hoje, com toda a intensidade, pois ele passa rápido e amanhã já é outro dia e nunca sabemos dos seus segredos. Faz um poema para mim, para que o dia siga encoberto de paz e os sonhos permaneçam de pé, a esperança não acabe ao dobrar a esquina.
Bom dia sabiá amado
Teu canto me acordou
És meu ídolo esperado
Com teu canto de amor
Pudera eu ser alado
Voar neste espaço céu
Gritar ao mundo um fado
De amor real sem o véu
Que cobre a face triste
Do que sem teto vive
No respingo o despiste
Como tu que voa livre
Seu canto é música mil
Ao lado o outro cantar
Esta dupla faz do Brasil
Terra de música o sambar
sonianogueira